sábado, 14 de abril de 2012

Brasileiros do Japão voltam em busca de melhores oportunidades

Houve um tempo em que Yamato Hirai, nipo-brasileiro, tinha dificuldades para encontrar um lugar no seu time de futebol, mas jogadores como ele estão em falta agora, muitos imigrantes brasileiros no Japão voltaram para tentar a sorte em seu país de origem.

O futebol e o futsal têm facilitado a integração de brasileiros no Japão - com frequência descendentes de japoneses que partiram em busca de trabalho no Brasil no início do século XX. Mas nas cidades industriais do Japão, como Toyohashi, entrar neste esporte tornou-se complicado à medida que o êxodo de imigrantes brasileiros como Hirai, que chegou ao Japão por razões econômicas no início de 1990, retorna a sua pátria, em pleno boom.

Todas as quartas-feiras, Hirai leva seu filho de 14 anos, Yosuke, ao campo de futsal de Toyohashi para treinar antes dos jogos do fim de semana. "Algumas quartas-feiras, não temos jogadores suficientes, ou apenas 10, o mínimo para praticar", explica Hirai, 48 anos, que também treina a equipe.

Ele lembra os anos em que cerca de trinta jogadores se aglomeravam ao redor do campo. "Chegamos a isto porque existem muito menos brasileiros vivendo aqui".

Desde 2008, a população local de origem brasileira caiu pela metade, para cerca de 7.000 pessoas hoje. As ligações entre os dois países datam de 1908, quando o primeiro navio de imigrantes navegou do Japão para o Brasil. Na época, o Brasil tinha abolido a escravidão e procurava voluntários estrangeiros para trabalhar em plantações, principalmente de café. O Japão, que ainda não atravessava o desenvolvimento acelerado que viveu nos anos 60 e 70, forneceu mão de obra barata, pronta para o sacrifício.

Esses imigrantes se instalaram e formaram a maior comunidade de origem japonesa no exterior. No início de 2000, cerca de 1,5 milhão de habitantes do Brasil alegavam ascendência japonesa. Após a Segunda Guerra Mundial, no entanto, o desenvolvimento econômico do Japão fez com que dezenas de milhares de brasileiros descendentes de japoneses tentassem a sorte no arquipélago, o que resultou no nascimento de comunidades específicas, de língua portuguesa, em áreas industriais.

"Há 20 anos, os salários auferidos no Japão eram incrivelmente elevados em comparação com o padrão de vida no Brasil", explica Toyohito Tanabe, diretor da Associação de Brasileiros de Toyohashi. "Muitos brasileiros vinham para formar uma poupança e comprar casas no Brasil. Médicos até conseguiam abrir sua própria clínica depois de vários anos de trabalho. As pessoas vinham para o Japão com grandes sonhos".

Empurrados pela crise, atraídos pelo crescimento

A população brasileira do Japão aumentou particularmente depois de 1989, quando o governo japonês facilitou a instalação no arquipélago dos "Nikkeijin", descendentes de primeira, segunda e terceira geração de japoneses que partiram para o Brasil. Mais de 300.000 imigrantes brasileiros viviam no Japão em 2008, até que a crise financeira internacional atingiu o Japão, o que provocou uma onda de desemprego.

Muitos brasileiros, empregados com contratos provisórios, perderam o trabalho, e este foi o início do refluxo. As autoridades japonesas ampliaram o movimento ao oferecer uma passagem de volta aos imigrantes desempregados. No fim de 2011, os brasileiros no país somavam 210.000. Ainda sim, representam a terceira maior comunidade estrangeira no Japão, atrás dos chineses e coreanos. "O Brasil está mais forte", explica Michio Hirota, 46 anos, um brasileiro funcionário de uma agência de empregos em Toyohashi. "A economia se desenvolve, há oportunidades de trabalho e negócios. Eu mesmo devo voltar para tentar uma chance em meu país, pois o Brasil é o país do futuro".
(Correio Braziliense)